Uveíte é a inflamação da camada média do olho, que é composta pela íris (membrana colorida que separa a câmara ocular anterior da posterior e em cujo centro está a pupila), pela coróide (membrana vascular atrás da íris) e pelo corpo ciliar (estrutura que produz o humor aquoso, líquido no interior do olho). Pode haver inflamação também da retina (membrana que reveste internamente o olho), do nervo óptico (que leva a imagem ao cérebro para ser reconhecida), do vítreo (gel que preenche o olho) e da esclera (tecido branco externo).
A doença pode manifestar-se em qualquer idade. Mas é mais freqüente em adultos jovens. Acredita-se que pelo menos 8% da população brasileira tem ou já teve uveíte. Na cidade de São Paulo, esse índice pode chegar a 12%. Os sintomas mais comuns são: sensibilidade aumentada à luz (fotofobia), visão borrada, dor, vermelhidão nos olhos e presença de pontos pretos na visão. A causa mais importante de uveíte no país é a toxoplasmose. Acomete 6% da população paulista e cerca de 20% de algumas cidades no Sul. Essa doença deve-se aos oocistos (ovos) do protozoário Toxoplasma gondii. O gato é o hospedeiro do parasita e ao defecar o animal espalha os oocistos na natureza.
Os oocistos sobrevivem por até um ano. Aves, bois, ovelhas e outros animais podem adquiri-los ao pastar ou ao beber água contaminada. Humanos infectam-se ao comer carnes e ovos crus ou malpassados, verduras, legumes e frutas não higienizados, leite e água contaminados. Os sintomas da toxoplasmose aguda, se parecem muito com os da gripe: febre, dores musculares e de cabeça, aumento de gânglios, especialmente os localizados no pescoço. Mas a doença pode também não apresentar nenhum sintoma. Nos olhos ocorre o mesmo: tanto pode haver sintomas (vermelhidão, dor, baixa de visão) quanto ausência de sintomas apesar da lesão ocular, que só será percebida ocasionalmente em uma consulta ao oftalmologista. Causas importantes de uveíte são também doenças sistêmicas como artrite reumatóide juvenil e do adulto; doença de Behçet (inflamação dos vasos, da pele e no olho, além de aftas orais e genitais); espondilite anquilosante (inflamação da coluna vertebral); lúpus (doença inflamatória auto-imune que ataca órgãos vitais como a pele); doença de Crohn; enfermidades neurológicas como esclerose múltipla; sífilis e tuberculose.
Cerca de 10% dos portadores de AIDS desenvolvem uveíte causada pelo citomegalovírus. O Toxoplasma gondii ataca a retina humana, inflamando-a. As inflamações produzem cicatrizes, o que leva à diminuição da acuidade visual que ocorre quando o vítreo (gelatina transparente no inteiror do olho) é atingido e deixando-o escurecido.
A uveíte causa ainda inflamações em áreas da retina delicadas como a mácula (região que permite visão dos detalhes) ou nervo óptico, podendo resultar em cegueira irreversível.
A prevenção destas doenças é a melhor alternativa. Pode-se evitar a toxoplasmose com algumas medidas simples. Não comer carnes de procedência desconhecida cruas nem malpassadas. Só beber leite pasteurizado. Higienizar e lavar bem as verduras, legumes e frutas. Em viagens pelo interior do país, procure certificar-se sempre de que a água que vai beber é potável. Grávidas, devem fazer sorologia para toxoplasmose no pré-natal. Pessoas com sintomas visuais devem consultar logo o oftalmologista.