O transplante de Córnea consiste na remoção de um disco central da córnea defeituosa substituindo-o por um outro do mesmo tamanho, proveniente de córnea normal de um doador. Entre os transplantes realizados no homem, o transplante de córnea é o que tem maior êxito, tanto na recuperação de função como no menor índice da rejeição.
A Córnea é um tecido transparente que fica na frente da íris, a parte colorida do olho. A luz passa através da córnea e do cristalino e estes focam a imagem dos objetos na retina, que fica na parte posterior do olho.
Anormalidades da córnea
As opacidades ou irregularidades da córnea podem ser causadas por vários problemas, a perda da transparência bloqueia a entrada da luz e imagens no olho resultando numa visão deficiente. A única forma de restabelecimento da visão é a substituição da córnea doente irregular ou opaca por outra normal.
Relacionamos abaixo exemplos de situações quando há necessidade de transplante de córnea:
- Infecção ou trauma da córnea.
- Malformações da córnea (opacidades ou edema da córnea).
- Ceratocone (irregularidade na forma da córnea).
- Edema na córnea depois da cirurgia de catarata ou de outra cirurgia ocular
Central de transplante
É a instituição controlada pela vigilância sanitária do Estado que legalmente recebe as córneas após a morte de pessoas que as doaram. Idade, raça, sexo, grupo sangüíneo e cor dos olhos não têm relação com o bom funcionamento da córnea. Os doadores são avaliados, sendo excluídos aqueles que têm doenças transmissíveis. Como medida de segurança, todos os doadores são submetidos a exames que verificam a possibilidade de serem portadores do vírus da AIDS e Hepatite infecciosa, sendo o resultado destes testes (positivos ou negativos) bastante seguros. Até hoje não se têm notícias de transmissão da Aids através de transplante de córnea.
Todo paciente a ser submetido à Transplante de Córnea deve ser inscrito na Central de Transplantes que segue rigorosamente a seqüência de inscrição para liberação das córneas.
Cirurgia
O transplante de córnea é feito na sala de operações, usando-se um microscópio. Pode ser feito com anestesia geral ou local e a duração é de uma a duas horas, dependendo da complexidade ou da necessidade de outras cirurgias no olho do paciente. A parte central da córnea defeituosa é removida com um instrumento próprio que a corta de forma arredondada (trépano). Se existe catarata, esta pode ser extraída na mesma cirurgia. Outros problemas como o glaucoma ou descolamento de retina também podem ser operados. A córnea doada é colocada no local onde foi retirada a doente, e sua fixação será feita com pontos de Nylon muito pequenos e finos. O que esperar após a cirurgia?
Geralmente o paciente recebe alta do hospital no mesmo dia da cirurgia, porém em algumas circunstâncias permanece no hospital um ou mais dias. A melhora da visão após a cirurgia é um processo lento. Com freqüência são necessários seis a doze meses para que a recuperação total da acuidade visual seja alcançada.
No transplante são dados vários pontos, alguns pontos podem ser removidos pelo médico, sem dor alguma, durante as semanas ou meses seguintes da cirurgia. Outros talvez permaneçam por mais tempo. Ao paciente é permitido levantar-se e caminhar quase imediatamente após a cirurgia. Não há restrições para ler, ver televisão ou outras atividades com os olhos. O mais importante é evitar qualquer atividade que possa causar trauma ocular, não havendo restrições para caminhar. Orienta-se que se aguarde de sete a oito semanas após a cirurgia para a prática de esportes.
Nas primeiras semanas deve-se evitar esforço físico abaixando a cabeça e pegando objetos pesados.
Risco da cirurgia
Os transplantes de córnea, assim como outras cirurgias oculares são extremamente delicadas e existe o risco de sangramento no momento da cirurgia. No pós-operatório algumas complicações podem ser lembradas como possíveis, como por exemplo, a falência da córnea doada que pode ocorrer apesar do exame cuidadoso das córneas doadas feito nas centrais de transplante e nos bancos de olhos, causando falta da transparência do tecido após a cirurgia. Podem também ocorrer irregularidades de cicatrização causando astigmatismo (resultando em distorção da visão, mesmo que a córnea esteja transparente), esse astigmatismo pode ser corrigido com óculos ou lentes de contato e em alguns casos requer cirurgia corretiva.
Rejeição da córnea é a complicação mais temida no transplante, porém, devemos lembrar que essa alteração é tratável levando na maioria dos casos a remissão total do processo. Rejeição da córnea doada pode ocorrer a qualquer momento da vida de um paciente transplantado. Sendo em geral, menos grave e com tratamento mais fácil quanto mais tempo decorrer a cirurgia.
Cuidados imediatos após o transplante de córnea
1. Protejer constantemente o olho de traumatismo.
2. Usar os colírios receitados, corretamente.
3. Comunicar seu médico se houver alguma piora da visão, dor, ou aparecimento de secreção purulenta.
Para os pacientes que necessitam do Transplante de Córnea no intuito de recuperar suas funções normais, devemos lembrá-los que, a partir da indicação médica adequada para a cirurgia, todo o procedimento é simples, sendo importante a conscientização do processo lento de reabilitação no pós-operatório e os cuidados envolvidos.
Cuidados durante o primeiro ano
1. Retornos freqüentes para acompanhamento da remoção dos pontos.
Cuidados após o primeiro ano
1. Se houver sinais de irritação, olho vermelho e fotofobia: retorno imediato, pois esses podem ser sinais de rejeição tardia.
2. Se tudo estiver bem: retorno anual para acompanhamento de células, curvatura da córnea e medida da visão.